A conclusão a que o orador chega é de que: “Na medida, porém, em que

me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia

na ‘leitura’ que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo” (FREIRE,

2008,p. 14, grifos do autor). Nota-se que os exemplos escolhidos até este

momento do discurso explicam a percepção e a significação do mundo,

favorecendo a compreensão deste último exemplo.

De acordo com os exemplos apresentados até este momento do

discurso, o que orador conclui a respeito de sua tese inicial é que “A decifração

da palavra fluía naturalmente da ‘leitura’ do mundo particular”. A consequência

das releituras de suas experiências voltadas à percepção, significação e

compreensão do mundo o leva à seguinte consideração: “Fui alfabetizado no

chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do

meu mundo e não do mundo maior dos meus pais” (FREIRE, 2008, p. 15). Isso

sugere que Paulo Freire foi alfabetizado de acordo com a sua vivência de

mundo, à medida que ele percebia e entendia o que estava acontecendo à sua

volta.

O discurso de Paulo Freire é enriquecido também com argumentos por

ilustração como a que está presente no trecho em que ele cita como foram os

momentos do retorno ao lugar onde passou a infância: “Pisei o mesmo chão

em que me pus de pé, andei, corri, falei e aprendi a ler” (FREIRE, 2008, p.16).

A citação ilustra a experiência de relembrar como foi o passado e prossegue no

discurso: “Então, uma saudade que eu costumo chamar de mansa ou de bem

comportada, saindo do chão, das árvores, da casa, me envolveu cuidadosamente” (FREIRE, 2008, p. 16). O fato de trazer ao presente uma

lembrança da infância somada à sensibilização daquilo que lhe é saudoso

apresenta um recurso de presença, como já foi comentado sobre as

considerações de Abreu (2009) e Rodríguez (2005). Esse recurso possibilita

que os argumentos do orador, por meio da persuasão, se façam presentes na

mente do auditório e favoreçam a compreensão da tese.

 

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