Leia o trecho do poema a seguir para responder ao que se pede. Por que tremes, mulher? A noite é calma,
Um bulício remoto agita a palma
Do vasto coqueiral;
Tem pérolas o rio, a noite lumes,
A mata sobras, o sertão perfumes,
Murmúrio o bananal.
Por que tremes, mulher? Que estranho crime,
Que remorso cruel assim te oprime
E te curva a cerviz?
O que nas dobras do vestido ocultas?
É um roubo talvez que aí sepulta?
É seu filho... Infeliz!...
Ser mãe é um crime, ter um filho — roubo!
Amá-lo uma loucura! Alma de lodo,
Para ti — não há luz.
Tens a noite no corpo, a noite na alma,
Pedra que a humanidade pisa calma,
— Cristo que verga à cruz!
CASTRO ALVES. Tragédia no lar. In: CASTRO ALVES. Espumas flutuantes e outros poemas. São Paulo: Ática, 1998. p. 199.
O excerto faz parte do poema “Tragédia no lar”, de Castro Alves, poeta brasileiro do século XIX, que usava seus poemas para divulgar as ideias abolicionistas contrárias à escravidão. No poema, o eu lírico se dirige a uma mulher escravizada que tem seu filho prestes a ser roubado.
a) Por que o eu lírico classifica o filho da mulher escravizada em “infeliz”?
b) Quais dimensões da arte podem ser depreendidas do excerto do poema?