Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir
Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados aconsumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos informações, ideias, estilos de ser e de viver,
conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência
do corpo, a obrigatoriedade de ser feliz, etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é
consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse imperativo.
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação
tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual,
e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir de
então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma.
Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais, etc. Vejam
que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para descansar de
uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de
oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a consumir o que é oferecido; quando um filho pede para
o pai levá-la ao show do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja qual
for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos
que o que consumimos é mais importante do que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é
extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam à adolescência. Há um mercado generoso de oferta
de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta.
Como?!
Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos.
Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir
e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que consomem coisas
semelhantes. Não é à toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas
ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro
deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a
significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses
dois conceitos se transformaram completamente e perderam o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que
têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das
vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
Perguntas:
1Um dos aspectos determinantes de um artigo de opinião é o uso adequado de conectivos para ligar as partes do
texto, construindo sua coesão. Levando isso em conta:
a) Retire do texto um exemplo de conectivo empregado e a função coesiva que ele apresenta.
b) O texto de Rosely Sayão foi escrito para ser postado em um blog, na internet, por isso usa uma linguagem que
mistura formalidade e informalidade. Indique aspectos formais e informais empregados no texto.
1 Resposta
1 - Letra D
2 - Letra B
3 - Letra D