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Leia o editorial: “O ladrão que furta para comer não vai, nem leva ao inferno; os que não só

Felipe

- Enem

Leia o editorial:“O ladrão que furta para comer não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu
trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera”, escrevia no século 18 o padre Antônio
Vieira num de seus “Sermões”. Os ladrões de que falava eram aqueles que “roubam e despojam os povos”.
Passados já mais de três séculos, continuam válidas as imprecações que o pregador jesuíta fazia contra os
que, servindo-se das facilidades do poder e da posição social, esbulham em proveito próprio os recursos
que deveriam ser destinados ao bem-estar coletivo.
Pois é o que infelizmente continuamos vendo. Multiplicam-se Brasil afora denúncias contra desvios de
toda ordem e montante, sob as mais diversas modalidades, de recursos públicos – um caudal semfim de
acontecimentos que, de tão frequentes, já quase não despertam indignação.
Anestesiada, a opinião pública acomoda tais fatos no rol das banalidades – mesmo porque seus
autores mantêm-se impunes, acima da lei. “Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter
furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma
província”, exclamava o padre Vieira.
Inclui-se nessa visão o rumoroso caso do desvio de diárias da Secretaria de Estado da Educação
fartamente noticiado durante a semana. Seriam, de acordo com os primeiros cálculos, R$ 800 mil que
saíram dos cofres públicos que, em vez de pagar despesas legítimas de viagens a trabalho de servidores da
pasta, serviam para custear gastos tão alheios à finalidade quanto, por exemplo, o de pagar por serviços de
babá. Grande parte das despesas irregulares era coberta pelo uso dos tais cartões corporativos.
As investigações estão sendo dificultadas: nada menos de 17 toneladas de documentos que poderiam
levar à comprovação dos desvios e à responsabilização dos agentes públicos que os cometeram – quer os
que abusaram diretamente do uso do cartão, quer seus superiores que não exerciam o controle devido –
simplesmente foram roubados de um depósito da Secretaria da Educação. A polícia foi acionada para
investigar o paradeiro de tais documentos (se é que eles ainda existem) e descobrir os autores e que
interesses os moveram para surrupiá-los do arquivo. [...]
As auditorias ainda superficiais feitas na Secretaria da Educação e outras iniciadas em diferentes
setores já são suficientes para comprovar a existência e a persistência de irregularidades. O que se espera
agora das autoridades é que, ao contrário do que lamentavelmente ocorre no país da impunidade, sejam
devidamente identificados e punidos os responsáveis. E não apenas isso, que sejam criadas maneiras mais
eficientes de fiscalização dos gastos do dinheiro público para evitar que abusos como esse voltem a ser
cometidos em qualquer esfera dos poderes da República.
ATIVIDADE 1 - Qual é o assunto tratado no editorial acima? ATIVIDADE 2 - Qual é o posicionamento do jornal em relação ao assunto tratado no editorial?

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