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(enem) quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios

Kamilyreis

- Enem

(enem) quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. o senhor vê: o zé-zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. pergunto: – zé-zim, por que é que você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz? – quero criar nada nã – me deu resposta: -eu gosto muito de mudar. belo um dia, ele tora. ninguém discrepa. eu, tantas, mesmo digo. eu dou proteção. essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. gente melhor do lugar eram todos dessa família guedes, jidião guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. ficamos existindo em território baixio da sirga, da outra banda, ali onde o de – janeiro vai no são francisco, o senhor sabe. rosa, j. g. grande sertao: veredas. rio de janeiro: josé olympio (fragmento).na passagem citada, riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. no texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador a) relata a seu interlocutor a história de zé-zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho. b) descreve o processo de transformação de um meeiro – espécie de agregado – em proprietário de terra. c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra. d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente. e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.

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